O chocolate negro é sinónimo de saúde?
- Carolina Preto
- 30 de jul.
- 2 min de leitura

Por Gonçalo Matias Santos
Nutricionista (6007N)
É do senso comum que o chocolate negro (com pelo menos 70% de cacau) tem mais benefícios do que os restantes. Mas a pergunta que se coloca é: será o suficiente para considerarmos este alimento benéfico para a saúde?
Vamos descobrir.
Para isso vamos começar por analisar o teor dos principais macronutrientes (gordura, hidratos de carbono e os respetivos subgrupos), e depois do ponto de vista mais “micro” – onde se baseiam a maioria das alegações dos seus benefícios.
Quando avaliamos os ingredientes do chocolate negro, reparamos que a grande maioria tem adição de açúcares na composição, o que faz deste produto como tendo alto teor de açúcares. Um exemplo visual: se dividirmos uma tablete em quatro partes, podemos constatar que uma dessas quatro partes é praticamente toda ela açúcar (~20%), o que nos deve deixar, desde logo, em alerta.
Sobre a composição de gordura, considerando o exemplo anterior, compreende quase metade de uma tablete de chocolate (~45%), sendo que as gorduras saturadas compreendem mais de metade desse teor (~55%). É sabido que o consumo excessivo de gordura saturada está associado ao aumento do “mau colesterol” (LDL-c), contudo, o perfil da gordura saturada não é todo igual, pelo que o presente no chocolate negro parece ter um impacto mais neutro nos níveis de colesterol – um ponto a favor dos aficionados (Ding et al., 2006). Na verdade, parece ter um efeito mais positivo do que neutro, apesar de discreto (Tokede et al., 2011).
Do ponto de vista mais “micro”, o chocolate negro é uma fonte relevante de magnésio, ferro, cobre e manganês, além de ser rico em flavonoides, particularmente em catequinas, compostos com marcada ação anti-inflamatória, antioxidante, vasodilatadora e potencialmente neuroprotetora – fatores que contribuem para a saúde do coração, dos vasos sanguíneos e do cérebro.
Em jeito de conclusão, o chocolate negro pode ser incluído com moderação num padrão alimentar saudável. A minha sugestão é incluí-lo após uma refeição mais completa, por exemplo, acompanhá-lo com o café depois do almoço. O elevado teor de açúcares, gordura e calorias, faz com que a moderação represente na prática não mais do que 1 a 2 quadrados por dia de chocolate negro com pelo menos 70% de cacau, o que equivale a cerca de 10–20 g/dia.
Referências
Ding, E. L., Hutfless, S. M., Ding, X., & Girotra, S. (2006). Chocolate and prevention of cardiovascular disease: A systematic review. Nutrition and Metabolism, 3(1), 1–12. https://doi.org/10.1186/1743-7075-3-2
Tokede, O. A., Gaziano, J. M., & Djoussé, L. (2011). Effects of cocoa products/dark chocolate on serum lipids: A meta-analysis. European Journal of Clinical Nutrition, 65(8), 879–886. https://doi.org/10.1038/EJCN.2011.64,




Comentários