Standing Desks: Tendência ou Necessidade?
- Carolina Preto
- 14 de ago.
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O trabalho de escritório tradicional é caracterizado por longos períodos sentado — um comportamento sedentário associado a um maior risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, dores musculoesqueléticas e redução do bem-estar geral.
O aumento do uso de standing desks (mesas ajustáveis que permitem alternar entre estar sentado e em pé) tem sido visto como uma proposta funcional para reduzir o tempo sentado e promover a saúde no ambiente de trabalho.

Estudos mostram que trabalhadores de escritório podem passar mais de 7-10 horas sentados por dia (Parry & Straker, 2013). Este comportamento, mesmo entre pessoas que praticam exercício regularmente, está associado a:
Aumento da resistência à insulina e risco de diabetes tipo 2 (Dunstan et al., 2012);
Maior probabilidade de dores lombares e cervicais (Shrestha et al., 2018);
Fadiga mental e menor produtividade percebida (Pronk et al., 2012).
O que a ciência diz sobre standing desks:
Redução do tempo sentado - Um estudo randomizado controlado (Shrestha et al., 2018, Cochrane Review) mostrou que o uso de mesas ajustáveis reduziu em média 66 a 110 minutos o tempo sentado diário no trabalho;
Impacto metabólico - Estar de pé aumenta o gasto energético em cerca de 0,15 kcal/min em comparação com estar sentado (Tudor-Locke et al., 2014). Embora pequeno isoladamente, o efeito acumulado pode representar um aumento relevante na despesa calórica semanal;
Benefícios musculoesqueléticos - A alternância entre estar sentado e em pé reduz a pressão sobre os discos intervertebrais e melhora a circulação, podendo atenuar dores lombares em alguns utilizadores (Robertson et al., 2013);
Produtividade e foco - Algumas pesquisas iniciais indicam que as standing desks não reduzem a produtividade, e alguns trabalhadores relatam mais energia e foco (Pronk et al., 2012). No entanto, adaptações graduais são recomendadas para evitar fadiga nas pernas e pés.
Ainda assim, temos de ter em conta alguns aspetos.
Antes de mais, as standing desks e este tempo adicional que passamos em pé não substituem o exercício físico. Trabalhar em pé não equivale a fazer atividade física moderada ou vigorosa. O mais correto seria considerar a standing desk como uma forma de reduzir o comportamento sedentário, não o treino.
Além disso, há uma maior facilidade para o movimento espontâneo. Isto é, estar de pé facilita a realização de micro-pausas ativas, alongamentos e pequenas caminhadas.
Para terminar, podemos adicionar o impacto no humor e energia. Reduzir o tempo sentado pode melhorar o humor, os níveis de energia e a percepção de vitalidade, especialmente em combinação com pausas de movimento regulares (Chau et al., 2016).
Recomendações práticas:
Alternar entre estar sentado e em pé a cada 30–60 minutos evita fadiga muscular.
O monitor deve estar à altura dos olhos e os cotovelos num ângulo de mais ou menos 90°, para prevenir dores cervicais e nos ombros.
Combine o tempo na standing desk com caminhadas curtas ou alongamentos.
Comece com períodos curtos (15–20 min) e aumente gradualmente.
O uso de standing desks, quando aliado a boas práticas e pausas ativas, é uma estratégia eficaz para reduzir o tempo sentado no trabalho, com potenciais benefícios para saúde metabólica, conforto musculoesquelético e bem-estar geral.
Contudo, não substitui a prática regular de exercício físico — que continua a ser essencial para a prevenção de doenças crónicas e promoção de qualidade de vida.
Referências:
Shrestha N, et al. (2018). Workplace interventions for reducing sitting at work. Cochrane Database Syst Rev.
Dunstan DW, et al. (2012). Breaking up prolonged sitting reduces postprandial glucose and insulin responses. Diabetes Care.
Parry S, Straker L. (2013). The contribution of office work to sedentary behaviour. BMC Public Health.
Tudor-Locke C, et al. (2014). Energy cost of standing vs sitting. Journal of Physical Activity and Health.
Robertson MM, et al. (2013). Office ergonomics training and sit–stand desks. J Occup Environ Med.
Chau JY, et al. (2016). The effects of sit–stand workstations on workplace productivity and energy levels. Preventive Medicine Reports.
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